Preciso de carboidratos para fazer exercícios? Parte 3
Está é terceira postagem da série que trata sobre a influência da deita lowcarb sobre a realização de exercícios.
Nesta série meu objetivo e apresentar trabalhos científicos que avaliaram como uma alimentação com restrição de carboidratos afeta o desempenho e a composição corporal de praticantes de diferentes modalidades.
Hoje vou apresentar um trabalho que analisou quais as influências desse tipo de estratégia alimentar sobre praticantes de High Intense Interval Training (HIIT), conhecido em português com Treinamento Intervalado de Alta Intensidade.
Então vamos lá!
Cipryan L, et al. Effects of a 4-Week Very Low-Carbohydrate Diet on High-Intensity Interval Training Responses. PMID: 29769827
Como foi o trabalho?
O estudo teve como objetivo verificar quais seriam os efeitos da mudança de um dieta ocidental padrão (HD) para uma dieta com grande redução na quantidade de carboidratos e aumento da quantidade de gordura (VLCHF) por um período 4 semanas sobre o desempenho e as respostas fisiológicas durante o treinamento HIIT.
Dezoito homens moderadamente treinados com idade média de 23,8 anos que consumiam uma HD (48% de carboidratos, 17% de proteína e 35% de gordura) foram divididos em 2 grupos. Um grupo permaneceu na HD, enquanto o outro mudou para a dieta VLCHF (8% de carboidratos, 29% de proteína, 63 % de gordura) por 4 semanas.
Os participantes realizaram um teste de esforço antes e depois do experimento, uma sessão HIIT (5x3min/2:1, recuperação passiva, com tempo total 34min) antes e depois de 2 e 4 semanas.
Também foi mensurada a frequência cardíaca (FC), consumo máximo de oxigênio (VO2máx), taxas máximas de oxidação de gordura (Fat max), lactato sanguíneo, tempo total de exaustão (TTE), peso corporal e percentual de gordura na segunda e quarta semana de estudo.
Quais foram os resultados?
O TTE e o V̇O2max no teste de esforço aumentaram em ambos os grupos, mas as mudanças entre os grupos foram pequenas.
A diferença entre os grupos na Fatmax (VLCHF: 0,8 a 1,1 g/min vs HD: 0,7 a 0,8 g/min) foi significativa, mostrando um maior aumento no grupo VLCHF do que no grupo HD.
A concentração de lactato durante o teste de esforço na 2° semana foi maior no grupo VLCHF do que no grupo HD.
Nas outras variáveis não ocorreram alterações significativas.
A adoção de uma dieta VLCHF durante de 4 semanas aumentou o Fat max e não afetou de forma negativa o TTE durante o teste de esforço ou as respostas cardiorrespiratórias ao HIIT em comparação com o DH.
O que os autores concluíram?
Mesmo que tenha ocorrido uma alteração substancial no substrato oxidado (fonte de energia), uma elevação de oxidação de gordura e na concentração de lactato sanguíneo no grupo VLCHF, não encontramos efeitos adversos de uma dieta VLCHF realizada por 4 semanas em qualquer aspecto do desempenho em teste de esforço ou no treinamento de HIIT em praticantes treinados de forma não competitiva.
O que isso significa para nós?
O HIIT pode ser considerado uma ferramenta fundamental nos programas de treinamento desportivo e também para o condicionamento físico e saúde. Por isso, qualquer efeito que venha a diminuir o desempenho nesse tipo de treinamento pode ser considerado prejudicial e deve ser evitado.
Muitos profissionais da saúde e pessoas leigas acreditam que a disponibilidade de carboidratos na dieta seja essencial para a realização desse tipo de exercício de alta intensidade.
Porém, os resultados desse estudo mostram que quando a ingestão de carboidratos foi extremamente reduzida por 2 e 4 semanas isso gerou uma aumento na oxidação de gordura corporal por minuto e não gerou nenhum tipo de redução no desempenho.
Com os resultados desse trabalho não é possível dizer que uma dieta lowcarb foi melhor do que a dieta ocidental tradicional, mas também não é possível dizer que ela foi pior.
Na próxima postagem dessa série vou mostrar um estudo que avaliou os efeitos dieta lowcarb sobre atletas de Levantamento de Peso.
Grande abraço,
Carlinhos