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Vamos falar sobre carne!?

Desde o início da minha mudança de estilo de vida, principalmente na alimentação, sempre fui questionado sobre a ingestão de alimentos de origem animal. Nesse caso especificamente, sempre o tópico de maior discussão foi e continua sendo a carne.


Minha opção por uma dieta onde os alimentos de origem animal, especialmente a carne, compõem a base das calorias consumidas se dá por uma abordagem evolutiva.


Estes alimentos possuem todos os nutrientes essenciais necessários para saúde humana, e quando acompanhados pelos vegetais e frutas, fornecem o que verdadeiramente pode ser chamado de alimentação adequada. Ou seja, comida de verdade.


Contudo, sempre ocorrem questionamentos sobre os “aspectos negativos” da ingestão de carne para a saúde. Entre eles cito:

  • “A carne não é bem digerida”;

  • “Carne tem muita gordura saturada e colesterol”;

  • “Carne causa doenças cardiovasculares e diabetes”;

  • “A Carne causa câncer”;

  • “Seres humanos são naturalmente herbívoros”

  • “A carne não é boa para os ossos”;

  • “Carne não é necessária”;

  • “A carne engorda”.

Com a intenção de esclarecer cada uma dessas afirmações, começo hoje uma série de postagens onde mostrarei as evidências existentes sobre a ingestão de carne e saúde.


Inicio tratando sobre...


“Seres humanos são naturalmente herbívoros”


Diversas vezes me disseram que nós como os primatas, somos naturalmente herbívoros. Ouvi também que os gorilas são extremamente fortes e comem somente vegetais.


Contudo, principalmente por ser um evolucionista, não acredito de que mesmo tendo um ancestral em comum com os primatas, nós humanos sejamos naturalmente herbívoro, animais que comem somente plantas.


Isso está fundamentado no fato de nós e nossos ancestrais, ingerimos carne durante nossa evolução e nossos corpos estarem muito bem adaptados a sua ingestão.


Nosso aparelho digestivo é adaptado para o consumo de carne, com um cólon curto, intestino delgado longo e uma série de ácidos estomacais especializados da digestão de proteínas de origem animal.


Além disso, o comprimento de diferentes partes do nosso aparelho digestivo está entre o comprimento dos herbívoros e carnívoros, mostrando que nós humanos somos naturalmente onívoros, comemos carne e vegetais.


Outro aspecto que mostra nossa adaptação evolutiva ao consumo de carne é o fato de que a ingestão dos alimentos de origem animal foi a responsável pelo desenvolvimento nos nossos cérebros. Mostrando a importância de que tenhamos uma dieta composta por alimentos de origem animal e plantas.


Enfim, Nós seres humanos temos um aparelho digestivo que reflete nossa adaptação genética ao consumo de uma dieta onívora, onde os alimentos de origem animal representam a principal fonte de energia. E sem dúvida nenhuma a afirmação de que os “seres humanos são naturalmente herbívoros” não é verdadeira!


Se você estiver interessado em conhecer as evidências que embasam o texto anterior, leia o texto que segue.


Grande abraço,

Carlinhos.


Indo mais fundo nesse tema!


Usando a abordagem evolutiva para responder ao questionamento de que “seres humanos são naturalmente herbívoros” é possível chegarmos à conclusão de que na realidade somos naturalmente onívoros. Isso significa que estamos adaptados para ingerir alimentos de origem animal e também plantas, sendo os alimentos de origem animal a fonte principal de energia.


A seguir veremos as evidências que sustentam essa afirmação.


A dieta das populações caçador-coletoras atuais pode representar o padrão de alimentação humana durante a evolução e assim pode ser usada como exemplo de um modelo alimentar para prevenção de muitas patologias existentes atualmente.


Cordain e colaboradores em 2000 (1) analisaram essas populações ao redor do mundo e estimaram a ingestão percentual de macro nutriente de 226 grupos populacionais. Os resultados mostraram que em 73% dessas populações os alimentos de origem animal representam entre mais de 50% (56%-65%) da quantidade total de calorias, em somente 14% delas a ingestão de alimentos de origem vegetal representa mais de 50% (56%-65%) das calorias totais.


Além do fato de os alimentos de origem animal ter estado presente em nossa dieta durante a evolução, como mostra o estudo anterior (1), outra evidência que reforça o conceito de que nós seres humanos somos animais que se alimentam de carne é que existe uma similaridade muito grande entre o intestino humano e o intestino de outros animais carnívoros. Isso acontece pela presença de bactérias intestinais que nos fazem ter preferência por absorver ferro de origem animal (ferro heme) ao invés de ferro de origem vegetal (2).


Ao mesmo tempo em que temos bactérias intestinais especializadas na absorção de ferro heme (2) e proporções intestinais diferentes dos primatas herbívoros (3), a anatomia geral do intestino e o padrão da cinética digestiva dos primatas existentes e dos seres humanos são muito semelhantes (3, 5). A análise dos alimentos consumidos pelos primatas selvagens mostra que muitos desses alimentos são boas fontes de nutrientes importantes como vitamina C, minerais, ácidos graxos essenciais e proteínas, mostrando que a ingestão de vegetais pode ser positiva para a saúde para os humanos.


É importante ressaltar que mesmo os primatas tendo dietas fortemente baseadas em plantas, a maioria dos deles também consome alguns animais invertebrados e vertebrados (4, 5).


Existe uma evidência que me parece fundamental na questão dos nossos hábitos alimentares “naturais”, é praticamente impossível que nós seres humanos possamos ter desenvolvido um cérebro grande e complexo sem a ingestão de alimentos de origem animal.


No transcorrer da evolução humana o desenvolvimento cerebral exigiu elevadas demandas metabólicas, especialmente para as crianças, essas demandas que foram atendidas através dos alimentos de elevada qualidade e grande concentração de nutrientes, como a carne (6).


Essa afirmação é reforçada pelo fato de hoje termos uma boa variedade de alimentos com grande quantidade de energia que não são de origem animal. Alimentos que não existiam no período paleolítico, fazendo com que em muitos países exista uma grande incidência de obesidade entre os adultos e desnutrição entre as crianças, fato esse que ocorre principalmente entre as populações de baixa renda.

Carlinhos

Referências

[2] Henneberg M. et al. 1998. Human adaptations to meat eating.


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